segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Olimpíadas no Brasil ??




Texto de Aurélio Miguel, extraído do site www.atividadefisica.net


O fim das Olimpíadas de Pequim traz em seu bojo uma série de questionamentos e reflexões sobre a atuação dos atletas brasileiros, os investimentos feitos pelo poder público e as perspectivas de futuro para o esporte olímpico nacional. Não é factível que a análise da participação brasileira nas Olimpíadas se restrinja apenas ao quadro de medalhas ou a performance de determinados atletas.

A discussão, que envolve a realização das Olimpíadas no Brasil em 2016, e que se faz necessária e indispensável, precisa ocorrer de maneira ampla trazendo para o centro do debate os principais atores da sociedade brasileira que necessariamente estão envolvidos em um projeto desse porte e, em sua grande maioria, estão alijados do tema. Não é crível discutir uma Olimpíada no Brasil ouvindo apenas os executivos do COB e os dirigentes do Ministério do Esporte.

Afinal, de que adiantaria realizarmos uma edição impecável dos Jogos Olímpicos apenas para consumo externo se internamente não tivermos corrigido as distorções sociais que destroem qualquer perspectiva de dignidade e cidadania para nossos jovens? Por isso a importância de um envolvimento profundo de Profissionais das áreas de Educação, Saúde, do Turismo, de ex-atletas e da iniciativa privada. Todos precisam ter voz neste assunto de tanta relevância.

A questão de uma política pública do esporte para o Brasil precisa deixar de ser apenas cosmética. Mas qual caminho seguir?

Se os governantes e dirigentes esportivos querem mesmo realizar as Olimpíadas no Brasil, poderiam começar fazendo o dever de casa que passa obrigatoriamente por escolas com qualidade de ensino decente, professores bem remunerados e equipamentos esportivos de qualidade para a iniciação e prática das mais diversas modalidades. Os atletas de ponta do país certamente sairão dessa massificação esportiva. as Federações e Confederações precisarão atuar como linhas auxiliares neste grande projeto, proporcionando condições para a transição dessa garotada para o esporte de competição e alto rendimento.

O exemplo não é novo, mas é como as nações do andar de cima tem tratado o esporte. Estados Unidos, França, Espanha e outros países aplicam com seriedade no esporte escolar. O resto, melhor dizendo, as medalhas olímpicas, são conseqüência. é necessária decisão política para tocar a bola pra frente.

Os Profissionais qualificados para implementar projetos existem; o que falta efetivamente é a abertura ao debate político, incentivando novas propostas e dando continuidade as bandeiras que mostraram resultado. Caso contrário, continuaremos a ser apenas uma promessa de país do futuro, inclusive no esporte.


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